O que era pra ser uma missão diplomática de peso para estreitar relações entre Brasil e China acabou virando mais um episódio de desgaste interno no governo Lula. A visita oficial, que incluía acordos bilionários e reforço da parceria estratégica entre os dois países, terminou com um escândalo político causado por um vazamento de bastidores envolvendo Lula, Janja e Xi Jinping — e jogou luz sobre os conflitos cada vez mais evidentes dentro da própria comitiva presidencial.
O que aconteceu na comitiva brasileira na China?
Segundo informações divulgadas pelo G1 e pela Folha, o estopim foi a divulgação de uma conversa reservada ocorrida durante um jantar entre o presidente Lula, a primeira-dama Janja, e o presidente chinês Xi Jinping. Durante o encontro, Janja teria pedido a palavra para criticar o impacto do TikTok no Brasil, o que causou constrangimento diplomático, inclusive à primeira-dama da China, Peng Liyuan.
A intervenção foi considerada inoportuna, mas Lula saiu em defesa da esposa:
“O fato da minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe”, declarou. “Ela entende mais de rede digital do que eu.”
O presidente ainda demonstrou forte irritação com o vazamento do conteúdo do jantar:
“Alguém teve a pachorra de ligar para a imprensa e contar uma conversa de um jantar muito confidencial e pessoal.”
Rui Costa na mira das suspeitas
A repercussão do caso gerou desconforto generalizado na comitiva. Uma espécie de “caça ao vazador” começou a circular nos bastidores do Planalto. E, com o passar dos dias, as suspeitas acabaram se concentrando em uma figura-chave do governo: Rui Costa, ministro da Casa Civil e nome considerado um dos mais próximos de Lula.
A desconfiança aumentou após membros da equipe descartarem outros ministros por não terem histórico de confrontos com Janja. Já Rui Costa, segundo fontes da Folha, tem um histórico de atritos com a primeira-dama desde o início do governo. Em ocasiões anteriores, ele já teria barrado decisões dela, como a compra de móveis para o Palácio da Alvorada — episódio que alimentou boatos sobre “deslumbramento” e gastos excessivos.
Apesar disso, Rui negou veementemente qualquer envolvimento com o vazamento. Mas, mesmo assim, o incômodo dentro da equipe cresce — até porque, mesmo sendo apontado por Lula como o “ministro mais importante”, o chefe da Casa Civil tem enfrentado resistência de outros aliados e até do próprio núcleo familiar presidencial.
A diplomacia ficou em segundo plano
Enquanto a viagem de Lula à China pretendia reforçar os laços entre os dois países e apresentar o Brasil como um parceiro confiável no cenário internacional, o que chamou a atenção foi justamente o contrário: uma crise interna exposta ao mundo, recheada de vaidades, disputas de bastidores e falta de alinhamento entre as figuras mais próximas ao presidente.
A crítica de Janja ao TikTok — uma plataforma que é alvo constante de investigações nos EUA por questões de segurança — surge no momento em que o Brasil está cada vez mais dependente das relações comerciais com a China. Qual o impacto disso na diplomacia brasileira? Resta saber se o governo conseguirá conter os danos ou se mais capítulos dessa disputa virão à tona.
Por que isso importa para o brasileiro comum?
Apesar de parecer um episódio de bastidores, o caso revela:
- Conflitos de poder dentro do governo Lula, que afetam decisões estratégicas;
- Falta de profissionalismo diplomático, com falas não alinhadas à política externa;
- Uso político da imagem da primeira-dama, o que levanta debates sobre sua atuação nos bastidores do Planalto;
- Desgaste da imagem internacional do Brasil, num momento em que o país tenta voltar a ser protagonista no comércio global.
Esse novo atrito mostra que, mesmo nas viagens internacionais mais planejadas, o governo Lula continua sendo pautado por disputas internas, exposição desnecessária da vida pessoal e uma comunicação frágil com a população. No fim das contas, mais uma vez, a prioridade parece ser o ego – e não o Brasil.