Ex-presidente de esquerda “desmonta” narrativa de golpe sobre 08 de janeiro e expõe o STF

20 de maio de 2025
08 de Janeiro | Reprodução

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Em uma entrevista reveladora à revista Veja, o ex-presidente José Sarney — político histórico ligado à esquerda moderada — surpreendeu ao contrariar a narrativa oficial construída pelo lulismo sobre os acontecimentos do dia 8 de janeiro de 2023. Suas declarações representam um verdadeiro balde de água fria na versão dos fatos defendida por setores da esquerda e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que desde então vêm tratando os manifestantes como golpistas perigosos.Sarney foi direto ao afirmar que não houve politização indevida da Justiça, tampouco judicialização exagerada da política, desmontando assim a tese de que o país teria passado por uma tentativa real de golpe de Estado. Segundo ele, é preciso cautela e responsabilidade na análise dos fatos, que devem ser interpretados com base em evidências e não em interesses partidários — um recado direto à ala ideológica do governo e de seus aliados.

STF: punição sem proporcionalidade

Durante a conversa, o ex-presidente fez duras críticas ao sistema penitenciário brasileiro, classificando as prisões como “escolas do crime” e denunciando a forma desproporcional e desumana com que o STF tratou pessoas que participaram dos protestos. Ele destacou que muitos dos detidos não tinham antecedentes criminais, mas mesmo assim foram enviados para penitenciárias como a Papuda e a Colmeia, sem qualquer risco concreto à sociedade.

Na visão de Sarney — e de boa parte dos juristas independentes —, as prisões preventivas determinadas pelo STF extrapolaram os limites do bom senso e ignoraram princípios fundamentais como a presunção de inocência, o devido processo legal e a individualização da pena.

Juízes de primeira instância jamais fariam o que foi feito com esses brasileiros”, afirmou Sarney.

Segundo ele, muitos poderiam responder em liberdade sem qualquer prejuízo ao processo, o que mostra uma falta de sensibilidade da Suprema Corte diante da realidade do sistema carcerário.

Crítica à arrogância do Supremo

O ex-presidente alertou ainda para o risco da concentração de poder excessiva nas mãos de um pequeno grupo de ministros que atuam com arrogância e se recusam a enxergar a realidade do sistema prisional. Para ele, o STF demonstra insensibilidade social e desprezo pela situação das prisões brasileiras, que já operam em colapso há anos.

A fala de Sarney reforça uma preocupação crescente entre os que defendem a democracia e a separação dos poderes: o Supremo tem ultrapassado seu papel constitucional e atuado como um superpoder, anulando o equilíbrio institucional.

Divergência dentro do governo

Em contraste com Sarney, o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou em entrevistas que os ataques de 8 de janeiro representaram uma tentativa de golpe. Essa divergência expõe o racha dentro do próprio governo, que tenta sustentar uma narrativa unificada, mas não consegue esconder os conflitos internos e os exageros cometidos em nome da suposta “defesa da democracia”.

Uma crítica lúcida em meio ao autoritarismo

Em um Brasil cada vez mais polarizado e submetido a um ativismo judicial desenfreado, a voz de Sarney surge como um sinal de alerta vindo de dentro do próprio sistema. Ele, que jamais poderia ser acusado de ligação com o bolsonarismo, faz uma crítica corajosa e fundamentada ao Supremo Tribunal Federal, ao sistema penal brasileiro e à manipulação narrativa em torno dos fatos do 8 de janeiro.

As declarações de Sarney evidenciam que o cerco contra opositores políticos, mascarado de justiça, tem limites que não podem ser ultrapassados sem comprometer o Estado de Direito. E mais: expõem que a verdadeira ameaça à democracia talvez esteja justamente no autoritarismo daqueles que dizem defendê-la.

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